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Linha sagital

Sobre a cabeça, irrompe a questão.
Que não se deve deixá-la sem resposta,
é a verdade, um imperativo,
para que a sucessão de equívocos
se encerre antes da próxima dobra
e o que vem a sucedê-la: esta repetição:

por quê, vejamos, arrisca-se
o que está nos bolsos
a fim de manter um equilíbrio
entre duas partes que nem sequer
na aparência soam como iguais,
duas partes de um corpo, por ora,
divididas por linha sagital — o corpo,
ou humano, ou não humano,
deve continuar esta questão:
se investe força e tempo
em equilibrar o lado esquerdo
com o seu contrário,
quando, sabemos, são frações do que,
embora formem uma unidade,
agem em pura assimetria, sem vínculos,
pelo qual motivo? O corte,
se oferece qualquer benefício,
perde-se na própria inclinação;

no geral, porém,
desfazer-se em partes iguais,
equilibradas e adjacentes, é mais sensato
que continuar com a ambiguidade
dada ao objeto ileso.

Por Luís Matheus Brito

Poeta e artista visual, mora em Aracaju/SE.

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